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A torto e a Direito <$BlogRSDURL$>

terça-feira, maio 03, 2005

Fim de um ciclo 

O fim de um ciclo, seja ele qual for, é sempre uma perda irremediável na nossa vida. Custa fechar, para sempre, uma porta, que nós próprios abrimos, em que nós próprios acreditámos e nos empenhámos.
Este blogue foi criado, há mais de um ano, com o propósito de "assumir com frontalidade e confiança os ideiais e opiniões que tomo como certos, ainda que a minha certeza seja, por vezes, diferente da certeza dos outros". Aqui prometi falar, principalmente, de Política, tema que sempre me fascinou (a utilização da maiúscula não foi, de facto, inocente). Sucedeu que, ao passar em revista alguns dos textos que fui escrevendo ao longo destes tempos, dei-me conta que muitas vezes desisti de me interessar pela gestão corrente da nossa política, que me desapaixonei pelos assuntos da res publica. Escrevi sobre muitas outras coisas, que me pareceram mais interessantes ou menos inúteis.
Mas não cumpri com o que tinha prometido. Escrevi pouco, muito menos do que aquilo que estava à espera. Estive meses sem dizer nada.
Como não me sentia com capacidade para sustentar, sozinho, um blogue, decidi convidar, para me acompanhar nestas lides, um velho companheiro de jornadas, um Amigo de sempre. A escolha não foi difícil. Para ser sincero, não houve sequer lugar a escolha. Se havia alguém que eu sempre desejara que me acompanhasse, me motivasse, e me amparasse num projecto destes, esse Alguém só poderia ser o Jorge. Não faria sentido ser de outra forma.
Na verdade, foi o Jorge que manteve acesa a chama deste blogue. Foi ele que colmatou o meu prometido empenho, foi ele quem espalhou por aqui toda a sua lucidez intelectual, toda a sua incomparável consciência crítica, toda a sua aguda imparcialidade moral. Se existe pessoa, que eu conheça, a que se possa aplicar a famosa frase "antes quebrar que torcer", é ao Jorge, pela paixão com que sempre defendeu aquilo em que acreditava, pela garra que sempre demonstrou quando o tentavam pisar.
Encontro nele uma alegria e um entusiasmo que me contagiam, um misto de juventude e de sabedoria, entre a pressa e a eternidade. É, sempre o foi, o oposto de um homem amargurado ou desinteressado. Justamente porque as suas crenças nunca se confundiram com utopias, mas sim com uma obstinada fé no que entende justo. Ele é, verdadeiramente e infelizmente, o paradigma de um ser em vias de extinção.
Tenho para mim que o Jorge poderia ter sido o que quisesse, se o tivesse querido. E, se o tivesse sido, é seguro que teria continuado a ser sempre o mesmo. De quantos homens se poderá dizer o mesmo?

Fecho este ciclo, na certeza porém que aqui voltarei. Um dia. Quando a Saudade apertar. E tenho a certeza que, nessa altura, o Jorge me acompanhará de novo.
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